Contato

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MINI-CURRÍCULO

Janaína Ramalho Ferraz Pereira de Souza, psicóloga clínica de orientação junguiana, formada na Universidade do Sagrado Coração – USC, aprimoranda do Instituto Junguiano de Bauru e Região, ex-Conselheira Tutelar, atuação na área social no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, em Projeto Social e Acolhimento Institucional com crianças e adolescentes, no Ambulatório de Triagem para tratamento de Álcool e Drogas e psicóloga da Fundação CASA. Prêmio MENÇÃO HONROSA por ter obtido a média 9,05 entre os 208 formandos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas no ano de 2006, na Universidade do Sagrado Coração e Prêmio DRª NISE DA SILVEIRA pela apresentação do Estudo de Caso – Adolescer na modalidade Pôster na 4ª Jornada de Psicologia Junguiana de Bauru e Região e 9ª Mostra de Pesquisas.

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Crise – Resiliência – Arquétipo do Herói

Janaína R. Ferraz P. de Souza
Maria Raquel Christianini
 Milena Valelongo Manente
 Tânia Carolina Marcusso
Orientadora:
Profª Drª Regina Paganini Furigo

Resumo

Introdução: O impacto da era moderna e pós-moderna sobre a existência do homem distanciou-o dele mesmo, deixando nas mãos do outro a atribuição do sentido de sua vida. Dessa maneira um permanente estado de crise nas pessoas está sendo gerado, pois os antigos referenciais estão se perdendo e sendo substituídos pela supremacia do materialismo e pela exclusiva organização econômica-política. Objetivo: Construir um paralelo entre o estado psíquico da Crise presente no cotidiano do homem pós-moderno e o desabrochar do Arquétipo do Herói como possibilidade de Resiliência. Métodos: Através da investigação dos conceitos de crise, resiliência e mito do herói buscamos traçar as possíveis associações entre eles. Crise pode ser compreendida como um estado de alto nível de ansiedade, dificuldade de pensar, objetivar e discriminar problemas, alteração na auto-estima somada ainda, com carência de projetos para o futuro. Podemos ver a crise como uma constelação maciça de um ou de vários Complexos em sua polaridade negativa. Trata-se de conteúdos inconscientes altamente emocionais que se agrupam e formam constelações, podendo ocupar o lugar do ego. Quanto mais inconscientes os complexos para o indivíduo, maior seu poder de autonomia. Algumas das conseqüências do estado de crise envolvem falta de clareza e significado de vida e cisão do consciente e inconsciente, criatividade e resiliência. São consideradas pessoas resilientes aquelas que passaram por eventos com presença de sofrimento, mas se adaptaram positivamente frente às situações adversas, encontrando caminhos para a reconstrução de suas vidas. Desenvolvimento: As narrativas sobre os heróis e seus desafios acessam um importante arquétipo de descida à escuridão da psique. Geralmente no mito, o herói passa por etapas em sua jornada envolvendo um Chamado: fase em que o Herói se moverá para regiões distantes, estranhas, com reinos sombrios e vivenciando façanhas sobre-humanas. Em seguida ocorre a Passagem por provas de purificação: fase de escuridão da psique, em que o herói perde o convívio com o conforto do familiar e enfrenta monstros em nome de conseguir a quietude interior, exigindo dele o abandono da posição de imaturidade para a coragem e auto-responsabilidade. A última fase é o Retorno com a reconciliação do individual com o universal, acompanhado de algo bom que é trazido pela sua experiência de mergulho na jornada. Podemos entender a trajetória do Herói como o arquétipo que engloba o passar pela crise, o amadurecer, o estar pronto para viver e a resiliência. Conclusão: O caráter Arquetípico do Herói pode ser despertado em nós nos momentos de Crise, vivenciados no desemprego, no casamento e nas mudanças. A Resiliência, quando compreendida como símbolo do potencial flexível e transformador presente no interior do homem, é uma saída para lidar com a desorganização social e individual marcantes em nossa época.

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Estudo do desenvolvimento moral de crianças de 6 anos por meio do conto infantil João e Maria.

Janaína Ramalho Ferraz Pereira de SOUZA
Orientadora: Profª Ms. Silvana Nunes Garcia BORMIO
Co-orientador: Profº Ms. Rinaldo CORRER

 
Introdução/Revisão de Literatura

Os Contos Infantis ajudam a criança a fazer sua opção sobre quem ela quer ser e facilitam o desenvolvimento ulterior de sua personalidade que será construída. Também auxiliam as crianças em seu processo de desenvolvimento, isto é, mostram à criança questões humanas que ela vivencia, mas não tem condições de verbalizar. Os contos dão forma aos desejos e emprestam-se como cenários de seus sonhos, aguçando a imaginação e favorecendo o processo de simbolização.

Há todo um processo para a compreensão do significado da vida que se inicia na mais tenra infância e não subitamente. A compreensão deste significado nos conduz à maturidade psicológica. Os que não encontram significado nas suas vidas perdem o sentido de viver e podem entrar em depressão.

Os pais, na sua grande maioria, exigem que suas crianças pensem, pois esquecem ou ignoram que este é um processo gradativo que se inicia na infância. É o mesmo que exigir da criança que comande o crescimento do seu corpinho imediatamente. Uma das tarefas primordiais entregue aos pais é de ajudar seus filhos a encontrarem significados na vida. Com o desenvolvimento centrado no melhor entendimento de si mesmo, a criança se capacita para uma melhor compreensão em relação às pessoas e ao seu meio ambiente.

Para Urban (2001 p. 32-33), a criança necessita, urgentemente, do pensamento mágico contido nos contos infantis que falam dos problemas interiores dos seres humanos e sobre as soluções corretas para seus predicamentos em qualquer sociedade.

Os contos infantis ensinam pouco sobre as condições de vida na moderna sociedade de massa, foram inventados muito antes que ela existisse através deles pode-se aprender a lidar com as situações difíceis, mais do que com qualquer outro tipo de estória, dentro de uma compreensão infantil.

De acordo com Coelho (1981), a importância da Literatura Infantil, nestes tempos de crise cultural é de alegrar, divertir ou emocionar o espírito dos seus pequenos leitores ou ouvintes. De maneira lúdica os leva a perceberem e interrogarem a si mesmos e ao mundo que os rodeia, orientando seus interesses, suas aspirações, sua necessidade de auto-afirmação ou de segurança, ao lhe propor objetivos, idéias ou formas possíveis ou desejáveis de participação social.  
 
O caminho para a redescoberta da literatura infantil em nosso século foi aberto pela psicologia experimental que, revelando a inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento, da infância à adolescência, assim como sua importância para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto.

A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança ou do meio em que ela vive.

Segundo Bettelheim (2000):

Os contos de fadas são significativos para a criança que ainda não consegue compreender o sentido dos conceitos éticos abstratos e os conflitos que estão ocorrendo devido à fase de desenvolvimento que está passando. Eles trazem mensagens à mente consciente, a pré-consciente e a inconsciente, em qualquer nível que a mente esteja funcionando no momento. Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam o seu desenvolvimento, enquanto aliviam as pressões pré-conscientes e inconscientes. À medida que as estórias se desenrolam, dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las e que estão de acordo com as requisições do ego e do superego.

Ainda em Bettelheim (2000, p. 106) encontramos sobre a significação dos contos infantis para as crianças que:

A mensagem dos contos de fadas transmite o seguinte recado às crianças e de uma forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana – mas que se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim, emergirá vitoriosa.

Não podemos limitar a significação dos contos de fadas, pois apesar deles serem próprios para crianças, sua compreensão é bastante relativa de acordo com a idade maturacional. Em Oliveira (2004, p. 11) vemos que:

Os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história. Os livros adequados à faixa etária de 3 aos 6 anos devem propor vivências radicadas no cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas. Essa fase é denominada como segunda infância, onde dos 6 anos completos aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente, contém as seguintes características:
– Interesse por ler e escrever. A atenção da criança está voltada para o significado das coisas;
– O egocentrismo está diminuído. Já inclui outras pessoas no seu universo;
– Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender idéias totalmente abstratas;
– Só consegue relacionar a partir do concreto;
– Começa a agir cooperativamente;
– Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto;
O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança“.

Coelho (1981) também caracteriza a fase de 3 à 6 anos como segunda infância, a da fantasia e imaginação. Afirma que os livros para essa fase devem ainda apresentar muitas imagens, com textos curtos e elucidativos, pois nessa fase a linguagem está se consolidando e as palavras devem corresponder às figuras. As ilustrações necessitam corresponder à verdade do que as estórias estão contando. Piaget chama esta fase de animista, pois a criança considera que todas as coisas são dotadas de vida, de vontade e de intencionalidade.

No texto A psicanálise… (2004):

Aprendendo e sabendo o que acontece dentro do seu “eu inconsciente”, quando vai enfrentar as “dores” do crescimento psicológico: decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades com os irmãos, dependências mantidas desde a tenra infância, a criança precisa se cercar dos sentimentos de auto-avaliação e de individualidade além de um sentido de obrigação moral. Através da sua fantasia, quando se perde nos seus devaneios a respeito do que disseram ao seu inconsciente os heróis das estórias de fadas. A criança irá adequar às pressões do seu inconsciente às suas fantasias conscientes o que irá capacitá-la lidar com todo esse conteúdo. Quando se consegue que a imaginação trabalhe o material fornecido pelo inconsciente, danos potenciais serão reduzidos e acontecem resultados muito positivos.

A linguagem realmente é um fator marcante e importante nesta fase de desenvolvimento da criança. Portanto, São Paulo, Secretaria, 2004, p. 3 postula que:

A criança de 6 anos deve, necessariamente, ser familiarizada com a natureza do texto escrito e o ambiente escolar deve possibilitar, efetivamente, esse contato. A leitura do texto escrito pelo professor é fundamental, pois o aluno gosta de imitar atos de leitura (pseudoleituras). Deve-se considerar que é usando a língua em situações comunicativas que a criança termina por descobri-la e reconstrui-la como sistema. Portanto, ela deve ser apresentada de forma contextualizada, para que, por meio de sua utilização, o aluno venha a dominá-la e a perceber sua manifestação lúdica e simbólica na magia dos contos de fadas, o vocabulário infantil é ampliado pelo estímulo à leitura dos contos de fadas e similares, pois essa leitura e não a massificação repetitiva é o meio mais eficaz para enriquecer o linguajar da criança e se constitui na chave-mestra do processo de ensino e de aprendizagem.

De acordo com Brenner (1987) a criança deve receber ajuda para dar sentido ao seu turbilhão de sentimento e encontrar significado para sua vida frente aos conflitos proporcionados pela sua fase de desenvolvimento, assim como os profissionais que trabalham com crianças e pais precisam compreender esses aspectos maturacionais da criança. Assim sendo, os contos de fadas contribuem para a compreensão dessas questões.

Conforme Coles (1998), um plano imaginado ou esquematizado é um mero prelúdio para um comportamento da vida diária, contudo, a longo prazo, a soma dos planos imaginados transformados em ação torna-se o “caráter” de alguém.

Por meio da imaginação e fantasia causada pelo conto infantil é bem possível que se esteja montando o palco para ações posteriores, tendo em vista que listas de boas qualidades, de valores e virtudes podem ser esquecidas tão rapidamente quanto são memorizadas.

Coles (1998), em sua definição sobre boas crianças retrata que:

Boas crianças são meninos e meninas que em primeiro lugar aprenderam a levar a sério a verdadeira noção, a necessidade, da bondade – uma vida de acordo com a Regra de Ouro, um respeito pelos outros, um compromisso da mente, do coração e do espírito com a família, a vizinhança, a nação – aprendendo também que a questão da bondade não é abstrata, mas antes concreta e expressiva: como transformar a retórica da bondade em ação, momentos que confirmam a presença da bondade em uma determinada existência.

Não se pode vencer todas as maldades, malícias e erros que há no mundo e depois querer desfrutar de uma vida tranquila e da colheita moral dessa vitória. A pessoa que busca viver corretamente torna-se uma testemunha alerta não apenas dos outros, como também de suas próprias tensões éticas quando estas lançam seus vários sinais, se despertando pelos riscos à frente ou de situações não muito fáceis de serem solucionadas ou até de sentimentos e “tentações” (se assim puderem ser denominadas) e as racionalizações que os justificam. Como se fossem testadas a todo minuto para fortalecerem esse seu objetivo que não se mostra fácil.

O desenvolvimento do juízo moral na criança passa por uma moral heterônoma – que é baseada em relações unilaterais – mas, não se limita a ela. É necessário construir uma moral autônoma, fundada em relações de reciprocidade e respeito mútuo.

Ao entender que nesse processo a anomia (fase em que há ausência de regras) corresponde à etapa inicial do desenvolvimento do juízo moral infantil, passando pela heteronomia (fase em que as regras são de origem externa) rumo à autonomia (etapa em que a origem da regra está no próprio indivíduo), a moral da autonomia (último momento do processo de desenvolvimento do juízo moral) deve ser o objetivo de toda educação moral.

Não tem como analisar o desenvolvimento moral na criança sem se deparar com as relações adulto-criança e criança-criança. Essas relações apresentam muitas características, as quais poderiam ser analisadas a partir de várias vertentes como nos aspectos sociológicos, antropológicos, filosóficos, pedagógicos etc., assim como as características intrínsecas a esses tipos de relações.

O próprio meio em que vive a criança torna semelhante a ela uma gama de obrigações sem mesmo proporcionar que a criança entenda suas obrigações. Mas o meio em que vive a coloca frente a regras que serão assumidas de forma inconsciente. Esse tipo de moral é denominado por Piaget de moral da coação. Nesse âmbito, o respeito e o conhecimento das regras se delimita a idéia de cumprimento. Na verdade, esta situação é chamada de realismo moral (tendência em considerar os deveres e os valores que foram impostos como subsistentes em si).

Se pensarmos em uma educação moral, esta deve ser muito refletida, pois numa primeira instância, deve-se tomar conhecimento de como se desenvolve a moralidade na criança, já que esta depende também do desenvolvimento cognitivo. É neste contexto, portanto, que se devem conhecer os meios adequados para desenvolver a capacidade do juízo moral na criança.

Para Piaget (2003), o bem é o equilíbrio absoluto entre sociedade e indivíduos, sendo que o mal se torna o contrário, ou seja, o desequilíbrio. Existe desequilíbrio quando tanto os interesses individuais predominam sobre a coletividade quanto à soberania desta arrebata a autonomia do indivíduo. Porém, em ambos os casos o que ocorre é uma ação egoísta dos indivíduos e da sociedade.

Se o respeito é conseqüência da lei moral ou é condição prévia desta não se sabe. Entretanto, sabe-se que o respeito está intimamente ligado a um considerável desenvolvimento moral no ser humano relacionado às obrigações morais.

Freitas (2003) coloca que a moral deve-se pautar por uma vontade boa, por um querer reto. Essa é a condição necessária e suficiente para que um sujeito seja moral. O valor moral de uma ação não depende de seu sucesso nem de sua utilidade, mas sim, de sua vontade e intenção. 

Freitas (2003) acrescenta sobre a tese kantiana que a moral fundamenta-se na autonomia do sujeito: cada um está submetido a uma lei, válida para todo ser racional e que se torna reconhecida como sua própria lei (princípio da autonomia). A moralidade distingue-se da religião e do direito, onde suas regras são exteriores aos sujeitos (princípio da heteronomia). 

Agir moralmente bem não significa agir de acordo com as regras pré-estabelecidas pela sociedade ou mesmo acatar as leis que nos cercam. Agir moralmente é agir com bondade, com respeito e dignidade, proporcionando ao ser humano usar desse artifício para sua evolução psíquica.

Piaget (1996) concorda com kant de que possa haver duas tendências morais: autonomia e heteronomia. Porém, como psicólogo, mostra que estas duas morais são construídas durante o desenvolvimento da criança e que a evolução de uma sobre a outra dependerá de vários fatores como as relações sociais estabelecidas durante seu desenvolvimento.

Piaget (1996) entende que a moralidade começa pelo respeito que adquirimos às regras que nos cercam, porém, é necessário observar como as crianças adquirem ou constróem esse respeito e de que forma ele é, além de também pontuar o respeito que a criança tem pela pessoa que impõe a regra.

Todas essas reflexões e pontuações se tornam necessárias quando se cobra um comportamento moral da criança sem ao menos perguntar a ela o que é moral. Sim, pois não se pode cobrar de alguém o que ela não pode e não consegue oferecer e, se não consegue é porque esse julgamento não foi construído em seu desenvolvimento ou se construiu de forma errônea. Fala-se em construção, pois o desenvolvimento moral é construído no ser humano em um processo lento no decorrer de seus estágios de desenvolvimento. 
Contudo, esta compreensão requer do educador, pais ou outros profissionais que estão ligados com crianças um respeito, um grau de evolução que seria capaz de relevar um comportamento inadequado por levar em consideração o nível de desenvolvimento do Julgamento Moral que foi construído para aquela criança. Porém, este relevar não quer dizer ficar passivo à situação, mas principalmente ajudar a construir novos meios de desenvolvimento da moral àquele indivíduo usando instrumentos adequados como os contos infantis. Essa atitude de respeito à criança também estaria refletindo o grau de desenvolvimento do Julgamento Moral do educador, pais ou outros profissionais.   

Justificativa

Os contos infantis são expressões de nosso mundo psicológico profundo. Podem ser vistos como pequenas obras de artes, porém, capazes de nos envolver em seu enredo e assim, investigar nossas mentes. Em especial, o conto infantil João e Maria traz um rico repertório que propicia o entendimento da diversidade de conteúdos conflitantes que ocorrem com a criança em questão.

Nos estágios realizados com crianças percebemos como os contos infantis são meios de comunicação que a criança obtém para transpor conteúdos do inconsciente para o consciente e para compreender o mundo.

A pesquisa contribuirá no âmbito científico para um estudo mais profundo sobre o desenvolvimento moral por meio do conto infantil João e Maria, auxiliando as pessoas que trabalham com crianças de seis anos, como pais, professores ou outros profissionais a terem um meio para compreender os conflitos que também são conseqüentes da fase em que a criança está inserida.

Objetivo Geral

Investigar o desenvolvimento moral da criança de seis anos por meio do conto infantil João e Maria no processo específico e singular de seu desenvolvimento.

Objetivos Específicos

– Pesquisar a fase de desenvolvimento da criança de seis anos;
– Observar o significado que as crianças de seis anos atribuem ao conto infantil João e Maria;
– Buscar a importância da fantasia e da imaginação que o conto infantil provoca na criança;
– Identificar as condições do desenvolvimento moral da criança de seis anos.

Metodologia

Participarão deste estudo de campo prospectivo, quali-quantitativo, sessenta crianças em idade de seis anos, sendo trinta do sexo masculino e trinta do sexo feminino.

As crianças serão selecionadas nas escolas do município de Pirajuí – SP, sob autorização de seus responsáveis por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a participar da pesquisa. Elas serão submetidas a ouvir o conto infantil João e Maria, sendo que logo após serão indagadas com linguagem adequada por meio de um questionário elaborado com o objetivo de se obter quais os sentimentos, julgamentos e conteúdos que se manifestaram enquanto ouviam o conto e qual a significação que o mesmo estabelece para as crianças.   

Referências

A PSICANÁLISE dos contos de fadas. Jornal Infinito. Disponível em: <http://www.iornalinfinto.com.br/pagina impressão series.asp?cod=38>. Acesso em: 26 ago. 2004.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
BRENNER, C. Noções básicas de psicanálise: introdução à psicologia psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Imago, 1987.
COELHO, N. N. A literatura infantil. Brasília: Quiron, 1981.
COLES, R. Inteligência moral das crianças. Rio de Janeiro: Campus. 1998.
FREITAS, Lia. A moral na obra de Jean Piaget: um projeto inacabado. São Paulo: Cortez, 2003.
OLIVEIRA, C. M. O. Livros e infância. Disponível em: <http://www.graudez.com.br/litinf/livros.htm>. Acesso em: 14 set. 2004.
PIAGET, Jean et al. Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
RADNO, Glória. Contos de fadas e realidade psíquica. A importância da fantasia no desenvolvimento. Disponível em:
<http://www.eco.ufri.br/semiosfera/conteudo rés gradino.htm>. Acesso em: 26 ago. 2004.
SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Construção da linguagem oral e escrita.
Disponível em:
<http://www.se.df.qov.br/subsecretarias/subep/Educacaolnfantil/oquee.htm>. Acesso em: 14 set. 2004.
URBAN, Paulo. Psicologia dos contos de fadas. Revista Planeta, n. 345, p. 32-33, jun. 2001.
Bibliografia Consultada

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000.

ANEXO 1

Conto João e Maria
(Baseado na obra dos Irmãos Grimm)

Havia uma vez um lenhador muito, muito pobre, que vivia próximo a um enorme bosque com sua esposa e seus dois filhos. O menino se chamava João e a menina Maria. Sempre andavam escassos de tudo e, chegou um dia que o lenhador não tinha sequer comida suficiente para dar à sua família. Certa noite, em que não conseguia dormir, acordou sua esposa para falar com ela: – Como vamos alimentar nossos filhos se nem sequer há bastante para os dois? – disse-lhe:
– Eu lhe direi o que podemos fazer. – respondeu a mulher. – Amanhã cedo levaremos as crianças para a parte mais espessa do bosque, acenderemos uma fogueira e lhes daremos um pedaço de pão; logo, iremos trabalhar e os deixaremos ali sozinhos. Não poderão encontrar o caminho de volta para casa e nos livraremos deles.
– Não, mulher – disse o lenhador. – Me nego a fazer algo assim. Você por acaso acha que tenho o coração de pedra? Os animais selvagens sentiriam seu cheiro e os devorariam. – Que bobo você é! – exclamou a mulher.
– Então, o que fazemos? Morremos de fome os quatro? – Muito bem, não façamos nada, mas então continue cortando madeira para fazer quatro ataúdes – disse, e não o deixou sossegado até que conseguiu convencê-lo. As crianças, que não podiam dormir por causa da fome, escutaram as palavras de sua madrasta. Maria se pôs a chorar:  – Estamos perdidos – disse ao seu irmão. – Não – disse João. – Não tenha medo, encontrarei uma maneira de escaparmos.
Quando escutou seus pais roncarem, levantou-se e saiu pela porta de trás. Era noite de lua cheia e as pedrinhas que havia na entrada da casa brilhavam como se fossem de prata. João pegou quantas cabiam nos bolsos. Logo voltou a entrar. 
 No dia seguinte, antes que o sol saísse, a mulher despertou as crianças:
– Levantem, vamos ao bosque cortar lenha! – disse, e deu a cada uma delas um pedaço de pão. – Aqui têm para o café da manhã. E não comam tudo, porque não tem mais. Maria colocou os dois pedaços de pão no bolso de seu casaco, pois João já tinha os bolsos cheios de pedrinhas. Dois minutos depois começaram a andar. Depois de caminhar um trecho, João parou e olhou para a casa, movimento que repetia várias vezes. – João! – disse-lhe uma das vezes seu pai – O que está olhando? Não fique para trás, você pode se perder.
Mas na verdade João nem sequer havia prestado atenção na casa; virava de costas para deixar cair uma pedrinha branca. Chegando à parte mais densa do bosque, o pai disse: – Agora, filhos, vão buscar lenha, eu vou acender uma fogueira para que vocês não tenham frio. João e Maria juntaram bastante lenha para fazer uma pilha do tamanho de uma pequena colina. Seu pai colocou fogo nela e, no momento que começou a arder foi a mulher que se dirigiu às crianças: – Agora se deitem junto da fogueira, crianças. Seu pai e eu vamos cortar lenha. Quando terminarmos, viremos buscá-los. João e Maria se sentaram junto ao fogo, e ao meio-dia comeram seus pedaços de pão. Como estavam há muito tempo ali quietos, acabaram por dormir. Quando despertaram, já era de noite. Maria começou a chorar. João a consolou. – Vamos esperar que a lua esteja no alto do céu – disse ele – e encontraremos o caminho de casa.
Quando a lua apareceu, os dois seguiram o caminho que as pedras brancas marcavam. Caminharam toda à noite e ao amanhecer chegaram à sua casa. Chamaram à porta e a madrasta abriu, dizendo: – Por que dormiram durante tanto tempo? Já estávamos pensando que não voltariam. O lenhador ficou muito alegre de ver seus filhos. Sua consciência não lhe deixara dormir.  Mas os tempos de escassez não haviam acabado, e as crianças em suas camas voltaram a escutar uma conversa entre seu pai e sua mulher.
– Já comemos tudo, só nos resta meia fogaça de pão. Temos que desfazer-nos das crianças. Desta vez as levaremos mais longe, para que não possam encontrar o caminho de volta. Não há outra maneira de nos salvarmos. O pai sentiu um grande peso no coração. “Preferia dividir com eles o pouco que nos resta”, pensou, mas sabia que sua esposa não escutaria seus argumentos. Como as crianças estavam acordadas e ouviram a conversa, João se levantou enquanto os pais dormiam. Queria pegar pedrinhas, mas a porta estava fechada com chave e ele não pôde sair.
De manhã, a mulher acordou as crianças e deu um pedaço de pão para cada uma. João partiu o seu em migalhas, e enquanto se dirigiam ao bosque, ia jogando-as pelo caminho. O casal os conduziu mais longe que nunca, a um lugar em que jamais haviam estado. Voltaram a acender uma fogueira, e a mulher disse:
– Sentem-se aí, crianças, e durmam. Nós vamos ao bosque cortar madeira. Voltaremos pela tarde, quando terminarmos. Ao meio-dia, Maria dividiu com João seu pedaço de pão, tendo em vista que ele havia jogado o seu sobre o caminho. Depois dormiram. Passou a tarde, e ninguém foi buscar as crianças, que acordaram bem tarde da noite. – Não se preocupe – disse João, consolando sua irmã – Depois que sair a lua, poderemos ver as migalhas de pão que eu fui deixando cair, e encontraremos o caminho de casa. Mas as crianças não puderam encontrar o caminho, pois os pássaros foram comendo as migalhas que João havia deixado.
– Não importa – disse o menino à sua irmã – Já encontraremos a maneira de voltar.
Infelizmente, isso não foi possível. Andaram durante toda à noite e todo o dia seguinte, mas não puderam encontrar um caminho por onde pudessem sair do bosque. Passaram muita fome, pois só encontraram alguns feijões. No final do dia, estavam tão cansados que se deitaram debaixo de uma árvore e dormiram. No terceiro dia desde que saíram da casa de seu pai, voltaram a caminhar, mas só conseguiam entrar cada vez mais no bosque. Ao meio-dia viram um bonito pássaro branco pousado em um ramo. Tão doce era o seu canto que pararam para escutá-lo. Quando terminou de cantar, levantou vôo diante deles.

As crianças o seguiram, chegando a uma casinha sobre a qual o pássaro pousou. Ao aproximar-se mais da casa, perceberam que era feita de pão e coberta de bolos, enquanto a janela era de açúcar cristalizado. – Finalmente poderemos comer! – exclamou João – Eu comerei um pouco do telhado, Maria e você podem comer uma parte da janela. – disse, e quebrou um pedaço do telhado para prová-lo. Maria se aproximou da janela e começou a comê-la. Nesse momento, ouviu-se uma voz melosa, que vinha do interior da casa: “- Quem será que está comendo todo o doce da casinha? Irei depressa, correndo, dar-lhe-ei um bom tapinha.”
As crianças responderam: “- Ninguém come seu docinho. Fique calma, minha bela. É apenas um ventinho soprando pela janela.”
E continuaram comendo sem se preocupar. De repente, a porta se abriu e saiu uma senhora apoiada em uma bengala. Eles se assustaram tanto que deixaram cair o que tinham nas mãos. A velhinha fez um gesto com a cabeça e disse: – Oh, que bom, crianças! Passem e sentem-se comigo, não tenham medo. Segurou os dois pelas mãos e os levou para sua casa, dando-lhes uma deliciosa refeição: bolos, doces e frutas. Quando terminaram, perceberam que havia duas belas caminhas preparadas para eles e, logo que se deitaram começaram a dormir como benditos. A velhinha, na realidade era uma velha bruxa que havia seguido as crianças de muito perto. As bruxas têm olhos vermelhos e vista curta, mas tem o olfato muito desenvolvido, especialmente para cheirarem humanos. Só construiu a casinha de pães para agarrá-los.  – Já os tenho, agora não podem escapar! – ela pensava. De manhã cedo, antes que as crianças acordassem, a primeira coisa que a bruxa fez foi olhá-los. Ao ver suas bochechas rosadas, sorriu e pegou João para levá-lo ao estábulo e o trancou lá. Logo voltou para buscar Maria e a despertou:
 – Levante preguiçosa, e faça alguma comida para o seu irmão. Quando ele engordar eu o comerei. Maria começou a chorar, mas sabia que não tinha outra solução senão fazer o que a bruxa ordenava. Prepararam uma magnífica refeição para o pobre João. Maria, contudo, só comeu conchas de caranguejo. Todas as manhãs, a velha bruxa de aproximava do estábulo. – João – chamava-o – ponha um dedo para fora, para eu ver como você está engordando. Mas João sempre colocava um osso, a bruxa que via muito, muito mal, confundia com um dos dedos do menino, sem entender por que demorava tanto para engordar. Depois de um mês perdeu a paciência: – Maria! – chamou ela. – Vá colocar água no fogo. Não me importa que esteja magro, amanhã eu comerei o João. Maria não conseguia parar de chorar. – Meu Deus, ajude-nos! – dizia, enquanto pegava água.
 De manhã cedo, Maria teve que sair para acender o fogo para esquentar a água.  – Primeiro, prepararemos o pão – disse a bruxa.
– Já esquentei o forno e fiz a massa. – disse, empurrando Maria para o forno, de onde saíam enormes chamas. – Agora entra aí e olha se já está bastante quente para fazer o pão. Na verdade, o que a bruxa pretendia era fechar o forno enquanto Maria estivesse lá dentro, porque também queria comê-la no mesmo dia. Mas Maria percebeu suas intenções. – Não sei o que fazer, como entro?
– Estúpida! – reclamou a bruxa – Não está vendo que a porta é muito grande? Olha, até eu caberia nele – disse, aproximando-se do forno e colocando a cabeça dentro dele. Quando Maria viu que a velha colocava a cabeça, deu-lhe um empurrão e a bruxa caiu dentro do forno. Maria fechou a porta de ferro e correu o ferrolho. Como gritava a bruxa! Foi horrível, mas Maria saiu correndo, deixando que morresse miseravelmente. A menina foi procurar o irmão, abriu a porta do estábulo e chamou:
– João! estamos livres, a bruxa morreu! João saiu do estábulo e eles festejaram por estarem livres finalmente! Como já não havia motivo para ter medo, entraram na casa e ali encontraram caixas de pérolas e pedras preciosas.
– São muito bonitas. – disse João, enchendo seus bolsos com elas. – Eu também quero levar algo para casa – disse Maria, e improvisou um cofre no seu avental.
– Bem, agora vamos embora – disse João. – Nos afastemos do bosque das bruxas.
Depois de caminhar durante horas, chegaram a um grande lago. – Não há nenhuma ponte. – disse João. – Nem há nenhum barco – acrescentou Maria
– Mas olhe ali, tem um grande cisne. Vou ver se ele nos ajuda. – Amigo cisne quer servir de barco para podermos atravessar o lago? O cisne concordou e eles se sentaram em suas costas. Quando chegaram do outro lado do lago, agradeceram-lhe. Bem em frente havia uma estradinha e as árvores lhes pareciam familiares. No final de um trecho viram a casa de seu pai à distância. Começaram, então, a correr, e entraram muito eufóricos, abraçando seu pai com alvoroço. Sua mulher havia morrido, mas não era isso o que mais havia preocupado ao homem que não havia vivido um só momento de tranqüilidade desde que abandonou seus filhos no bosque. Maria sacudiu seu avental e as pérolas rolaram pela casa, enquanto João tirava dos seus bolsos um punhado de pedras preciosas atrás de outro. Graças a elas, terminou seu sofrimento e puderam viver felizes para sempre.

ANEXO 2

Questionário

1- O que você achou da idéia da madrasta de deixar os irmãos no bosque?
2- O pai deles acabou concordando com a idéia da madrasta de deixar João e Maria no bosque. O que você acha disso?
3- Na sua opinião, porque o pai das crianças concordou em abandoná-las na floresta?
4- O que você faria se fosse o pai de João e de Maria ?
5- Como João e Maria se sentiram quando perceberam que seus pais não voltaram para buscá-los no bosque?
6- Maria dividiu seu pão com João, pois ele havia jogado o seu para marcar o caminho, o que você achou disso?
7- Os pássaros comeram todo o pão que João havia deixado no caminho para poder voltar para sua casa.
• Por que você acha que os pássaros fizeram isso?
• Eles fizeram uma coisa certa ou errada?
8- João e Maria comeram a casinha de doces sem pedir a permissão da dona. O que você acha disso?
9-  A bruxa construiu a casinha só para chamar a atenção das crianças; ela é boa ou má?
10-  As crianças mentiram para a bruxa dizendo que não estavam comendo os doces da casinha e que era apenas o vento que soprava na janela.
a. Porque eles mentiram?
b. Você acha que eles fizeram bem ou mal em mentir?
11-  As crianças podiam ter entrado e dormido na casa de uma pessoa que não conheciam, como no caso, a bruxa?
12-  O que você pensa do fato de Maria ter empurrado a bruxa no forno, sabendo que ela podia morrer?
13-  João e Maria podiam pegar as pérolas e pedras preciosas que estavam na casa da bruxa para levar para seu pai?
14-  João e Maria voltaram para a casa de seu pai. Isso significa que eles não guardaram mágoa por ele tê-los largado na floresta. O que você acha disso?

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REDESCOBERTA DO EU

SOUZA, J. R. F. P.; janaferraz@gmail.com; USC
FURIGO, R. C. P.; orientadora; psykhee@uol.com.br; USC

Resumo

De acordo com as queixas apresentadas pelo paciente, observou-se enquanto hipótese diagnóstica, segundo a Classificação Internacional de Doenças – CID. 10 (2003), uma personalidade anancástica, classificada como F60.5 e conceituada como um transtorno da personalidade caracterizado por um sentimento de dúvida, perfeccionismo, escrupulosidade, verificações e preocupação com pormenores, obstinação, prudência e rigidez excessivas. O transtorno pode se acompanhar de pensamentos ou de impulsos repetitivos e intrusivos não atingindo a gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo. O paciente apresentou evolução no processo terapêutico iniciando com a confissão, no qual recebeu a escuta empática, passou ao ponto de entrar em contato gradualmente com sua sombra e persona, por meio das técnicas terapêuticas junguianas e agora, enfrenta a fase da educação, na qual se esforça para colocar em prática os resultados encontrados com a terapia através do treino acurado, coroando seu processo de individuação. Os procedimentos técnicos utilizados foram: escuta empática; encorajamento para elaborar a Infância; clarificação; confrontação quando necessário e possível; análise de sonhos por meio de associação livre e pessoal, utilização dos tipos psicológicos e imaginação ativa. Contudo, o paciente sempre se demonstrou contendo toda a informação da situação vivida, mas não a consciência plena da mesma, no qual conseguia assimilar e vivenciar todos os sentimentos mobilizados pelas queixas apresentadas, pois sempre utilizava de mecanismo de defesa para poupar-se do sofrimento gerado. Portanto, a dinâmica terapêutica foi no sentido de movimentar toda a informação contida no âmbito racional para a vivência da mesma no âmbito do sentimento, para que assim, o paciente assimilasse e vivenciasse tudo o que conseguia relatar objetivamente. Também se conscientizou sobre suas personas e sombra, assim como a necessidade e utilização saudável das mesmas. Portanto, todo esse movimento mobilizou e motivou o insight no paciente, para assim, gerar transformação e mudança da percepção e interpretação de si mesmo.

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Adolescer

SOUZA, J. R. F. P.; janaferraz@gmail.com;
FURIGO, R. C. P.; orientadora; psykhee@uol.com.br;

Resumo

Introdução: O Mito do Herói é uma forma utilizada pela Abordagem Analítica Junguiana para bem explicar as grandes transformações ocorridas no desenvolvimento, em especial, na fase da adolescência, no qual é uma fase da vida em que não sabemos quem somos, por isso, empregamos grande parte de nossa energia na busca de auto-afirmação e autonomia. É uma crise na qual o jovem se vê obrigado a diferenciar-se de seus pais e ir ao encontro de sua identidade. O contato saudável do menino ou da menina com os arquétipos do Herói, da Anima e do Animus é que propicia uma entrada mais adequada na adolescência, sendo a força poderosa do simbolismo do ritual de iniciação, pois, se os novos arquétipos forem incorporados à psique do iniciado, dão uma sensação de segurança e permitem a afirmação da nova identidade. O objetivo dessa intervenção psicológico foi apoiar e encorajar a paciente a verbalizar sobre o foco a ser trabalhado, isto é, um aborto realizado aos quinze anos, para que, a elaboração desta queixa, permitisse que a mesma também partisse para o enfrentamento das outras queixas, ou seja, os sintomas típicos da adolescência. Método: O atendimento descrito neste estudo foi realizado em uma modalidade clínica denominada Plantão Psicológico, um tipo de intervenção psicológica, de caráter interdisciplinar, que atende a demanda urgente e emergente no exato momento de sua necessidade, ajudando-a a lidar com seus recursos e limites em períodos de tempo previamente determinados. A paciente atendida nesta modalidade estava vivendo os sintomas típicos da crise da adolescência, ou seja, o luto do corpo infantil, dos amigos da infância distanciados em função da mudança de cidade; alguns episódios homossexuais; a redescoberta da identidade, assim como a constelação negativa do Complexo Materno vivenciado em função de um aborto realizado nessa fase. Entretanto, a paciente também apresentou comportamentos auto-mutilatórios e de uso de drogas, podendo ser caracterizados, segundo o DSM-IV, como transtorno de despersonalização transitório ou uma depressão na adolescência. Resultados: A paciente relatou no Follow Up, isto é, no feedback e último dos atendimentos, que o Plantão Psicológico fez com que ela pensasse mais sobre as coisas e as situações que lhe incomodam, por isso, ela acredita ter se tornado mais introspectiva e voltada pra si. Por isso, neste momento, a paciente foi encaminhada a uma psicoterapia de orientação junguiana de longa duração. Conclusão: Grinberg (2003) afirma que o adolescente, tendo ou não passado pelos ritos de iniciação, cresce e seu corpo se transforma. E, quanto mais etapas ele houver saltado, mais difícil será sua adaptação e o estabelecimento de sua identidade no mundo adulto. Portanto, é o arquétipo do herói que dá força ao ego quando este acha que não vai conseguir enfrentar uma situação nova. Por seu intermédio é que nos sentimos seguros e confiantes para enfrentar novos desafios. Sem ele, torna-se difícil enfrentar o vestibular, participar de uma competição esportiva, conseguir um novo emprego ou estabelecer um namoro. Neste estudo, também se tornou evidente a importância da relação estabelecida entre mãe e filha na construção da personalidade, pois vemos o quão impeditivo pode se tornar um complexo materno constelado na construção de um feminino consciente. Por fim, pode haver uma questão de sobrevivência no desenvolvimento de uma cisão entre um self observador e um self participante num momento de crise, sendo assim, a função defensiva da despersonalização da paciente em questão, poderia ser colocada na forma de um reasseguramento interno.

 

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O que está acontecendo com a mente humana?

Esta é uma pergunta que incomoda a mim e acredito que há muitas outras pessoas também, todas às noites ou todas às vezes as quais assistimos notícias na TV ou no rádio. São pais matando filhos e vice-versa, inúmeros casos de pedofilia, corrupção até mesmo sem disfarce, jovens suicidando-se, entre outras barbaridades que vemos, escutamos ou muitas vezes até presenciamos diariamente. Particularmente, defino o panorama atual e mundial como adoecido e necessitando de um bom tratamento urgente / emergente. E continuando nesta linha de raciocínio, acredito que o medicamento mais adequado neste tratamento se4ja a reestruturação da instituição “FAMÍLIA”, pois é ela o principal foco desta doença e é dela que está aparecendo os principais sintomas. Gosto muito dos artigos da Lya Luft da Revista Veja, em um deles, ela foi muito feliz quando relata (sem medo) que a família precisa voltar a ser “careta”. E este não foi um discurso moralista e retrógrado , pois o “careta” o qual a autora se referia era o resgate dos valores, princípios e moral, que por sinal, muito necessários na construção do caráter do ser humano. E estes três fatores não atrapalham em nada a modernidade dos dias de hoje. Eu garanto. Sei que este tema é muito discutido em grupos religiosos, terapêuticos ou até mesmo numa reunião informal familiar e que muitos já chegaram a esta mesma conclusão a que estou me referindo. Porém, acredito que é necessário reforçarmos este assunto sempre que pudermos e, principalmente, quando temos um espaço como este, pois é urgente que está discussão saia do papel e dos bate-papos para ser aplicada na prática e na realidade, pela SAÚDE MENTAL da humanidade.

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O desenvolvimento mental da criança a partir da relação mãe-bebê

Sabemos o quanto os cuidados e afeto materno/familiar interferem no desenvolvimento da personalidade de uma criança. Porém, talvez não tenhamos idéia da dimensão real da relação mãe-bebê para o desenvolvimento mental do ser humano. O autor Winnicott dedicou grande parte de seus estudos a este fenômeno. Me refiro a este desenvolvimento como fenômeno, pois aos meus olhos esta relação é quase mágica e, muitos concordarão comigo quando entrarem em maior contato com esta teoria. Winnicott dizia que não existe bebê sem a (relação) mãe. Nos primeiros meses de vida do bebê não existe uma separação clara entre mãe e bebê. A mãe renuncia todos os seus desejos, planos e rotina para satisfazer e entender os desejos do bebê, através do movimento de se colocar no lugar do outro (bebê). Essa identificação da mãe com o bebê é quase doentia, porém, necessária ao saudável desenvolvimento mental da criança e só não evolui para uma patologia, pois o desenvolvimento “normal” permite que por volta dos seis meses de vida, por meio do desmame e do protagonismo do pai, esse vínculo simbiótico (dependente) entre mãe-bebê vá se rompendo e permitindo que o bebê descubra sua identidade própria e desenvolvendo esta ao longo dos anos e demais relações. Não quero deixar a impressão de que o pai só apareceu no desenvolvimento do filho por volta dos seis meses. É que até esse período, ele estava na função de apoio/alicerce da mãe para que ela pudesse realizar as renúncias pessoais e investimentos necessários na psique do bebê para que este possa obter um saudável desenvolvimento mental. Espero que muitas futuras mães entrem em contato com este conteúdo e o compreenda para que possamos cada vez mais termos seres humanos de mente saudável.

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S.O.S desenvolvimento infantil

Retomando um pouco o artigo o qual nos referíamos à saúde mental da humanidade x instituição família, gostaria de abordar melhor o porque faço este comparativo. Quando citei as notícias do panorama atual, também me referi que o principal foco desta doença contemporânea é a família, em especial, as crianças, adolescentes e jovens com os casos de pedofilia, vandalismo, delinqüência, psicopatias, sendo tanto atuantes quanto vítimas. Gosto de ressaltar que esses episódios vem acontecendo em TODAS as classes sócio-economicas, como todos podem constatar. Sempre que estudo o desenvolvimento infantil, ou seja, o desenvolvimento da personalidade e da mente humana (um assunto que me agrada muito) vejo o quanto somos responsáveis por todos esses acontecimentos desagradáveis e chocantes. Responsabilizo a todos, pois os que não são pais, são educadores ou de forma direta ou indireta tem contato com alguma criança e, por isso, não deixa de ter uma sequer pequena responsabilidade nesta mente em formação. Também não podemos deixar de refletir sobre a conclusão de que “todo” agredido, um dia, pode se tornar um agressor. Portanto, sem intenção de justificar atitudes errôneas, quanto desses pedófilos, psicopatas, “maníacos” (como a mídia nomeia) um dia também não foram agredidos? A agressão que me refiro não é apenas a física, mas também a verbal, psíquica, social, etc. Entretanto, convido a todos a tomarem mais cuidado com a infância que está próxima de você, pois um velho ditado, talvez, dito por um filósofo já diz: “Me dê uma criança que faço dela um médico, um “louco” ou um psicopata”? O que você vem fazendo com a mente das crianças?

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PSICOLOGIA NA MÍDIA

Fico feliz em poder ver e até participar da presença da Psicologia na Mídia, pois acredito que essa oportunidade torna a Psicologia um instrumento importante nas discussões e intervenções de ordem social. Também vejo a Psicologia saindo daquele modelo clínico e, muitas vezes, até rotulado como elitista e entrando na casa das pessoas através dos meios de comunicação como rádios, jornais e internet. É claro, que nada disso substitui a importância da Psicoterapia na elaboração dos conflitos, mas certamente, auxilia na ampliação da compreensão daquele conflito e, isso já é um grande avanço e conquista. Através desta parceria entre Psicologia e Mídia também percebo a quebra dos tabus e preconceitos em relação à procura de um Psicólogo. São enumeros os modos de inserção do Psicólogo nos meios de comunicação, como por exemplo, quando um psicólogo é convidado a se manifestar profissionalmente em algum programa jornalístico, falando sobre alguma situação que foi divulgada pelo meio de comunicação, como várias tragédias que estamos vendo no âmbito familiar e social, como filhos matando pais, jovens agredindo empregadas ou pessoas de culturas diferentes, entre outros acontecimentos. Podemos ver, algumas vezes, em novelas ou programas de humor um “personagem-psicólogo”. Também são realizadas entrevistas, onde este profissional aborda e até conceitua algum tema específico. Porém, como tudo na vida, a participação da Psicologia na Mídia tem seu pólo positivo, mas também apresenta um pólo negativo. Primeiro que o profissional precisa tomar muito cuidado com as questões éticas, pois não poderá, por exemplo, analisar um caso publicamente, mas, pode, a partir de um caso específico, opinar sobre uma situação geral de interesse da sociedade. Caso contrário, uma análise individual pode configurar em quebra de sigilo. Uma outra situação delicada da Psicologia na Mídia é que quando um profissional aborda sobre alguma patologia e acaba conceituando-a (como vemos muito sobre o TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno do Pânico, entre outras patologias), a partir daí, começam a surgir, em consultórios, vários pacientes acreditando ter tal patologia por se encaixar em vários itens conceituados no meio de comunicação. Neste caso, é preciso tomar muito cuidado com esta divulgação e o diagnóstico só poderá ser confirmado por um profissional específico. Também é preocupante a maneira como o “personagem-psicólogo” está passando a imagem e a atuação deste profissional, que pode vir a distorcer a real função do psicólogo para muitos telespectadores que não têm esta informação bem esclarecida. Portanto, a participação dos Psicólogos na Mídia, quando realizada com competência e ética, é saudável para a profissão e para a sociedade, à medida que esse profissional esteja prestando esclarecimentos e serviços à comunidade, colocando a leitura da dimensão Psicológica da realidade na Mídia. Com isso, a população tem ganhos, ao adquirir uma nova dimensão para compreender a realidade. Sendo assim, este espaço tem como objetivo abordar, semanalmente, assuntos de nossa Realidade Social sobre um olhar Psicológico, ampliando nossos conhecimentos, nossa visão e atuação sobre determinadas situações do dia-dia.

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SUA SAÚDE – SUA FAMÍLIA

Este foi o título de um artigo publicado na revista ISTO É no mês de maio de 2008 que vale a pena ser lido na íntegra. O artigo era baseado em pesquisas científicas em relação à promoção, prevenção e até recuperação da saúde por meio do vínculo familiar. Os estudos comprovam que uma família bem estruturada, ou seja, um saudável vínculo familiar previne o surgimento de muitas doenças ou até auxilia na recuperação de doenças como o câncer, a depressão, entre outras. As pesquisas também mostram que as famílias que realizam as refeições juntas, com harmonia e diálogo, ou seja, preservando e respeitando este vínculo familiar, tem um menor índice de ansiedade, obesidade ou consegue vencer essas patologias com mais facilidade. A recuperação de pessoas em estado de coma também é muito maior nos pacientes que têm a família presente no período de internação, demonstrando afeto e desejo pela sua recuperação. Em outros casos, clinicamente menos grave, o paciente, surpreendentemente, chegou à óbito e os estudos relatam que o mesmo não obteve nenhuma visita familiar em seu período de enfermidade, isto é, se perde o sentido da vida e até o sentido de lutar por ela. Quando entrei em contato com este artigo fiquei muito satisfeita em perceber que existe investimento em torno de um tema tão importante que há tempo já é abordado por algumas áreas humanas, como a Psicologia e o Serviço Social. Por outro lado, já li reportagens onde artistas que muitas vezes, são formadores de opinião, dizendo que família é um termo “careta”, “piegas”, entre outros rótulos como “instituição falida” etc. Enquanto isso o panorama mundial nos mostra um alto índice de adolescentes cometendo ato infracional, morte precoce, envolvimento com droga, prostituição, pais matando filhos e vive-versa, adultério, crime pacional, pedofilia, alto índice de consumo de antidepressivos, entre outras conseqüências que, quando investigada se percebe a origem na estrutura familiar, ou melhor, na desestrutura familiar. Sendo assim, acredito que todos nós precisamos fazer uma reavaliação de nossos valores e princípios relacionados ao termo FAMÍLIA, pois a saúde de muitos e até o panorama social está dependendo de como as pessoas estão lidando com esta instituição. Instituição essa que até os estudos atuais percebem o seu poder, ou seja, o poder da construção e também da destruição que tem reflexo não só no âmbito individual de cada membro da família, mas também tem reflexos sociais, como percebemos claramente nos dias de hoje. Portanto, finalizo com a reflexão: como estamos cuidando de nossas famílias?

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O mistério existente em nossos Sonhos.

Existe uma grande curiosidade e mistério em torno dos conteúdos de nossos sonhos. Quando contamos um sonho, sempre buscamos uma interpretação universal, ou seja, “quando sonho com vela significa isso…., quando sonho com flores significa àquilo……..”, entre outras interpretações gerais. Algumas vezes achamos o sonho confuso, em outras, acreditamos que ele seja pré-munitivo, enfim, sempre o sonho nos apresenta como um grande mistério. É através dos sonhos que podemos compreender e conhecer um pouco do nosso inconsciente. Os conteúdos inconscientes são tão importantes quanto os que passam pela consciência. Essa vivência inconsciente através dos sonhos pode influenciar o individuo no dia-a-dia, pois ele “entrou em contato”, através dos símbolos trazidos pelos sonhos, com conteúdos que até então não estavam no domínio de sua consciência, mas precisariam estar. Para Franz, 1993 “os sonhos procuram regular e equilibrar nossas energias físicas e mentais. Eles não só revelam a causa básica da desarmonia interior e da angústia emocional, como também indicam o potencial criativo de cada um… Enquanto dormem, as pessoas despertam através dos sonhos para aquilo que realmente são.” Tentar interpretar um sonho através de um “guia de sonhos” parece algo reducionista para a psicologia junguiana, pois imagens contidas nos sonhos são únicas e exclusivamente, propriedade e significado do sonhador. O sonho faz um papel de “pombo correio”, pois traz para a consciência conteúdos que estão no nosso inconsciente. As imagens de nossos sonhos vêm do inconsciente em forma de símbolos que trazem uma mensagem para nossa consciência. Essas mensagens vêm como símbolos para poder mascarar uma problemática que o consciente não suportou e precisou enviar para o inconsciente. Porém, é saudável para o indivíduo que esses conteúdos retornem à consciência para serem bem resolvidos. Portanto, os sonhos têm esse trabalho de devolver ao consciente os conteúdos que estavam em nosso inconsciente de forma sutil, ou seja, através das mensagens simbólicas contidas nas imagens dos sonhos, que precisam ser interpretadas através dos significados do próprio sonhador. Esses símbolos até podem ser universais, mas a análise deverá sempre partir da realidade pessoal do sonhador, pois o sonho possui uma mensagem exclusivamente pessoal. Cada símbolo possui um significado pessoal, expressando conteúdos que o consciente ainda não apreendeu. Cada imagem do sonho, mesmo as que apresentam significado evidente, deve ser trabalhada como objeto de investigação, requerendo um exercício tanto da ordem do pensamento quanto do sentimento. O real significado surge quando se descobre a energia contida no sonho, energia que se encontra na riqueza das coisas. A mesma imagem pode significar coisas diferentes em sonhos diferentes da mesma pessoa. Contudo, não vamos desperdiçar os conteúdos de nossos sonhos que precisam ser interpretados com seriedade, pois podem nos proporcionar desenvolvimento, crescimento e evolução.

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Profecia auto-realizadora

A chamada PROFECIA AUTO-REALIZADORA é um fenômeno relacional que pode interferir no processo ensino-aprendizagem, no desenvolvimento da personalidade de uma criança, na construção da auto-estima, na percepção de si mesmo e ainda pode pautar as condutas e comportamentos de um indivíduo. Profecia auto-realizadora nada mais é que a expectativa ou o pré-conceito que se cria de algo ou de alguém e, mesmo que ela seja errônea ou diferente da vontade do próprio indivíduo em questão, pode se concretizar. Alguns exemplos claros de profecias auto-realizadoras na educação dos filhos são quando os pais insistem em dizer constantemente perto da criança que “ele é terrível”, “ele não pára quieto”, “não sei o que vai ser da professora quando entrar na escola”, “ela é uma pestinha”, “é igualzinho ao …….”, entre outras falas típicas. Também se caracteriza profecia auto-realizadora quando os pais criam uma expectativa em relação aos filhos e sem questionar se é de sua vontade falam ao longo de sua vida sobre àquilo e o filho (a) em busca de satisfazer as expectativas dos pais concretizam seu desejo, como por exemplo, o de torcer por um determinado time, ter uma determinada profissão, etc. O apelido também serve como exemplo de profecia auto-realizadora, pois muitas vezes, a pessoa procura fazer jus ao apelido recebido. Quando um educador já vem com um pré-conceito formado em relação a um aluno a partir da percepção de um educador anterior também se caracteriza profecia auto-realizadora, pois o educador pautará todo seu relacionamento com àquele aluno a partir desse pré-conceito, mas nada te indicou que este aluno reproduziria o mesmo comportamento que tinha com o educador anterior, até mesmo porque, os vínculos relacionais são outros, mas este educador, através de suas expectativas pode levar este aluno a reproduzir os mesmos comportamentos anteriores em função de seu modo de lidar com ele, que poderia ter sido diferente. A profecia auto-realizadora também pode limitar a aprendizagem de um aluno, quando um professor afirma que ele não leva jeito ou não tem habilidade ou aptidão para àquela determinada matéria ou atividade, desmotivando totalmente o indivíduo ao desenvolvimento daquela habilidade ou aprendizagem. A profecia também se torna responsável pelos rótulos, pois se classifica facilmente um indivíduo em função de apenas um de seus comportamentos, acreditando que sempre o terá em todas as situações, o que não é verdade, pois os diferentes modelos e vínculos relacionais fazem com que as pessoas tenham diferentes comportamentos, mas o pré-conceito, a classificação, o rótulo, a expectativa não permitem que as coisas sejam diferentes ou até melhores. Portanto, vamos tomar cuidado com a profecia auto-realizadora que saem dos nossos próprios lábios e, muitas vezes, despercebidas, mas podem causar sérios danos para o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo.

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PLANTÃO PSICOLÓGICO: ATENDIMENTO CRIATIVO À DEMANDA DE EMERGÊNCIA

A palavra Plantão no dicionário, significa horário de serviço escalado para o profissional exercer suas atividades em delegacias, hospitais, fábricas, redações de jornais, enfim, em locais que oferecem serviço noturno, em dia ou em horas normalmente sem expediente. Plantonista significa ação de emergir, nascimento, situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito, incidente, caso de urgência. Os profissionais que atendem em plantão reconhecem que, quase sempre, todos esses significados surgem nos atendimentos. O Plantão é um poderoso instrumento terapêutico para colocar uma pessoa em pleno funcionamento, pois na maioria das vezes, o sujeito se encontra em situação de crise, estando mais mobilizado para breves transformações. O que é notável no plantão é que, ao confiar plenamente no cliente, tornar-se inevitável confiar também no plantonista e, é surpreendente como alguém pode obter uma carga de energia vital e realmente melhorar depois de um plantão. Contudo, a psicologia também precisou se mobilizar e adequar-se as necessidades urgentes/emergentes, fugindo, muitas vezes, do modelo da psicoterapia de longo prazo. Surgiu, então, a nova modalidade interventiva denominada Plantão Psicológico, que é um atendimento que entrou nas instituições e também nos consultórios, onde pode acontecer um único encontro e com mais algumas sessões de retorno. É um tipo de intervenção psicológica, de caráter interdisciplinar, que atende a demanda urgente e emergente no exato momento de sua necessidade, ajudando-a a lidar com seus recursos e limites em períodos de tempo previamente determinados, utilizando-se da escuta, orientações, encaminhamentos, entre outras técnicas. Porém, embora seja um excelente instrumento para provocar transformações saudáveis nas pessoas que o procuram, existem muitas situações onde não se aplica o Plantão. Nestes casos, pode aplicar-se a orientação em direção aos tratamentos adequados para os casos em questão. No atendimento à demanda de emergência, procura-se criativamente fazer o melhor possível a partir da presença e da solicitação da ajuda de um cliente ou de seus familiares, a qual muitas vezes, só necessita de uma orientação ou escuta e, não de um atendimento de longo prazo. 
 

 

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Por que a ADOLESCÊNCIA assusta tantos pais?

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA considera adolescência entre os doze e dezoito anos de idade (Art. 2º). Já a Psicologia procura não determinar um período tão delimitado, pois se tratando de indivíduos (individuais) cada ser humano se desenvolve em seu tempo, como qualquer fruta em uma árvore, não havendo regra determinada pra esse desenvolvimento. Porém, a adolescência gira em torno deste período determinado pelo ECA. A adolescência é vista para muitos pais como “aborrecência”, pois é neste período que os filhos se tornam mais rebeldes, oposicionistas, entre outros comportamentos assustadores para os pais. Mas, esta fase tem uma tarefa muito importante para o desenvolvimento do ser humano. Sempre exemplifico esse período dizendo que quando nascemos temos que tirar nossa certidão de nascimento para, então, definirmos nossa identidade. Já na adolescência temos que tirar nosso RG, para realmente, redefinirmos nossa identidade. Sendo assim, é esta a grande missão do adolescente, num âmbito psíquico de desenvolvimento da personalidade, o adolescente precisa redefinir sua identidade, descobrir quem realmente ele é, quais seus gostos, desejos, idéias, pensamentos, valores, opiniões e, principalmente, qual sua profissão. E como sabemos isso não é uma tarefa fácil, por isso, essa fase é denominada por muitos autores como Crise da Adolescência. E, como em qualquer crise, enfrentamos problemas, angústias, sintomas depressivos, pois além da dificuldade de se definir tudo isso em tão pouco tempo, o adolescente precisa se afastar dos pais para poder se inserir em grupos para procurar as respostas que tanto procura em relação a sua identidade, por meio da diferenciação do outro através do grupo. Isso também explica o afastamento do adolescente em relação sua família, pois ele correrá o risco de se contaminar com  os valores impostos pelos mesmos, é a famosa fase “que mico mãe”, “me deixa na esquina da escola”, “pára de me beijar pai”, situações que antes o adolescente fazia com muita tranqüilidade. Nesta fase, o adolescente também valoriza mais a opinião do grupo em que está inserido, ou seja, dos amigos, do que da própria família, mas entende-se que o mesmo está procurando a sua identidade, que no resultado final, estará somada com todos os valores e princípios já ensinados pela família ao longo de sua infância. O adolescente também se rebela, contrapondo à opinião dos pais, professores, isto é, de figuras que anteriormente serviram de identificação, ou seja, que já está introjetada dentro de sua personalidade, mas como ele está a procura de novas respostas, de diferenciações, o mesmo precisa se afastar desses modelos já construídos dentro de si. Uma outra crise que o adolescente vive nesta fase é o luto, ou seja, a perda do corpo infantil, das aresponsabilidades, enfim, a perda de toda infância, que não voltará mais. Por isso, o hábito do adolescente de se vestir com roupas escuras e preta, afinal de contas, o preto simboliza o luto inconsciente que o mesmo está vivenciando. Portanto, de uma forma sintética e resumida, esse é processo que o adolescente vivencia durante a fase da adolescência, considerado um processo natural e saudável, desde que se tenha limites e que os grupos que o adolescente se insere não sejam modelos negativos, onde o mesmo possa se envolver sem críticas, como droga, prostituição, delinqüência, entre outros modelos negativos.

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Para que dar LIMITES?

Para quem vem acompanhando nossos artigos por meio desse espaço, vamos pegar um gancho do tema Hiperatividade. Atualmente, existe uma linha de pensamento, o qual acredita que se os pais não derem tudo o que os filhos querem, ou seja, em algumas vezes, lhe disser a palavra NÃO, isso poderá lhe desenvolver um trauma psicológico. Ou então, em função dos pais terem que sair para trabalhar, vendo os filhos apenas à noite, muitas vezes, já dormindo, tentam compensar esse período ausente com presentes excessivos, sem medida de necessidade. Vale lembrar, que o tempo com os filhos não é medido por quantidade e, sim, por qualidade do relacionamento, ou seja, do vínculo parental. Enfim, em função desses conjuntos de fatores, os pais vêm encontrando imensas dificuldades em se colocar limites nos filhos. Num primeiro momento, vamos definir o que é Limites: “Linha de demarcação; raia; local onde se separam dois terrenos ou territórios contíguos; fronteira; parte ou ponto extremo; fim; termo” (DICIONÁRIO AURÉLIO). “Consiste em ´delimitar o terreno` para que a pessoa saiba onde está pisando ou, em outras palavras, possa discernir com clareza o que é permitido e o que é proibido” (MALDONATO, M.T). Sendo assim, através dos limites também se desenvolve a segurança nas crianças, pois mesmo que ele insista naquilo que está pedindo aos pais, se os mesmos disseram NÃO, ele sabe que é para sua preservação física, psíquica e social. Porém, a grande dificuldade é em saber como dar Limites. É claro, que não existe receita pronta, afinal de contas, cada família é composta por indivíduos com personalidades diversificadas, com relacionamentos, cultura, hábitos e desenvolvimento próprio Portanto, é preciso levar em consideração todos esses aspectos para se definir, realmente, como dar limites, mas existem algumas dicas que podem facilitar. DAR LIMITES É…….. ensinar que os direitos são iguais para todos; que existem outras pessoas no mundo; que nossos direitos acabam quando começam o do outro; dizer SIM quando POSSÍVEL e NÃO sempre que NECESSÁRIO; só dizer NÃO ao filhos quando houver uma razão concreta; mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não; proporcionar que a criança desenvolva relacionamento social CONVIVENDO com outras crianças; ensinar a tolerar FRUSTRAÇÕES e aprender a ADIAR SATISFAÇÕES; aprender que cada DIREITO corresponde a um DEVER; dar o EXEMPLO e evitar que os filhos cresçam achando que todas as pessoas têm de satisfazer seus mínimos desejos; diferenciar o que é uma necessidade do que é apenas um DESEJO. DAR LIMITES NÃO É… bater; fazer só o que os pais querem; ser AUTORITÁRIO; deixar de EXPLICAR O PORQUÊ das coisas, impondo a lei do “mais forte”; GRITAR com a criança para ser atendido; deixar de atender as NECESSIDADES REAIS (fome, sede segurança, afeto, etc); invadir a PRIVACIDADE de que todo ser humano tem direito. Existem alguns sintomas típicos da falta de Limites que acarretam em sérias conseqüências como, por exemplo, descontrole emocional; ataques de Raiva; dificuldades crescentes de aceitação de Limites; agressividade; desrespeito às pessoas; percepção distorcida do outro; incapacidade para suportar mínimas dificuldades; falta de persistência; dificuldades para concluir tarefas; desinteresse pelos estudos; falta de concentração; baixo rendimento escolar; problemas psiquiátricos nos casos que há pré-disposição e “hiperatividade situacional”. Portanto, toda criança tem capacidade de compreender um NÃO sem ficar com problemas ou traumas, desde que este NÃO tenha uma razão concreta de ser e não seja acompanhado de agressões físicas ou morais.

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Hiperatividade: meu filho tem isso?

É quase unânime todos estarem assustados com a evolução das crianças nos dias de hoje e os pais acabam apresentando uma maior dificuldade em educar seus filhos, pois os mesmos falam ´coisas` que as crianças antigamente não falavam, fazem ´coisas` que as crianças antigamente não faziam e têm contato com ´coisas` que antigamente as crianças não tinham, como, por exemplo, a tecnologia, a informação, o conhecimento, enfim, a globalização. Paralelo a essa evolução infantil e à dificuldade que os pais estão enfrentando em educar os filhos com tantas mudanças, acesso à tecnologia e leis específicas visando a infância e adolescência também começou a surgir e aparecer as conseqüências da falta de limites, da má interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, onde muitos pais acreditam que não têm mais liberdade em educar seus filhos, em função da proteção da lei e que esta apenas estabeleceu os direitos das crianças e adolescentes e não seus deveres. E, enquanto isso, na medicina atual, começou a surgir um novo Transtorno, diagnosticado na maioria das vezes, em crianças. Esse transtorno recebeu o nome de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. TDAH é um transtorno neurobiológico, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Leva a comprometimento funcional significativo (escola, família, relacionamento, etc.) além de problemas em etapas subseqüentes. Os tipos de TDAH são: TDAH-D (predomínio de sintomas de desatenção), TDAH-HI (predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade) e o TDAH-C (sintomas de desatenção e hiperatividade). As possíveis causas são multifatoriais, como a Hereditariedade/Pré-Disposição Genética, Substância Ingerida na Gestação, Sofrimento Fetal, Exposição ao Chumbo e os  Problemas Familiares podem agravar, mas não causá-lo. Alguns sintomas comuns são: dificuldade de concentração e atenção; dificuldade em seguir as instruções até o fim ou concluir tarefas e deveres; dificuldade de organização e planejamento; relutância para fazer deveres que exijam esforço mental por muito tempo; distrair-se com muita facilidade, rotuladas como “Crianças que sonham acordadas”; se meche de modo incessante, principalmente, mãos e pés; dificuldade em permanecer sentada; corre ou sobe em objetos frequentemente, em situações nas quais isto é inapropriado; parece ser movido por um “motor elétrico”, sempre a mil por hora; fala em excesso; responde perguntas, precipitadamente; não consegue aguardar sua vez; interrompe frequentemente os outros, entre outros sintomas significativos. O tratamento é com uma equipe multi/interdisciplinar (neurologista-psicólogo-educadores-fonoaudiólogo-psiquiatra). A Psicoterapia visa o esclarecimento e orientação à família; intervenção com a própria criança/adolescente; orientação à escola. Também se tem a intervenção Psico-Pedagógica e os Psicofármacos receitados pelo médico especialista. Contudo, o diagnóstico de TDAH e do tipo somente deve ser dado por um especialista e o critério diagnóstico deve ser o seguinte: 6 ou + sintomas de desatenção e/ou 6 ou + de hiperatividade – impulsividade,  por pelo menos 6 meses, num grau que comprometa a adaptação e é incompatível com o nível de desenvolvimento. Alguns sintomas que causam prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade. Os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes. Clara evidência de prejuízo clinicamente significativo. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de outros transtornos ou que não seja conseqüência de Falta de Regras e Limites. Porém, vemos um grande número de crianças com o diagnóstico de TDAH, medicada e, muitas vezes, rotulada e estigmatizada. Entretanto, não estou descartando a possibilidade de que realmente, muitas crianças, tenham um diagnóstico de TDAH. Mas, vale lembrar que, segundo as pesquisas, apenas 3 à 6% da população de crianças de 7 à 14 anos apresentam TDAH e que seus sintomas são muito parecidos com os sintomas de Falta de Limites ou de outros transtornos. Então, deixo a pergunta, é TDAH ou falta de limites? Portanto, quando um especialista realmente diagnosticar que é um quadro de TDAH é preciso realizar todo o tratamento adequado, caso contrário, a negligência no tratamento vai acarretar sérias e graves conseqüências na vida adulta. Mas, vale ressaltar que o diagnóstico errôneo de TDAH e sua intervenção em uma situação de falta de limites também terá sérias conseqüências futuras.

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Mito do Herói X Adolescência

O Mito do Herói é uma forma utilizada pela Abordagem Psicológica Analítica Junguiana para bem explicar as grandes transformações ocorridas no desenvolvimento, em especial, na fase da adolescência, a qual é uma fase da vida em que não sabemos quem somos, por isso, empregamos grande parte de nossa energia na busca de auto-afirmação e autonomia, isto é, na redescoberta de nossa identidade. Esta fase é uma crise na qual o jovem se vê obrigado a diferenciar-se de seus pais e ir ao encontro de sua identidade. O contato saudável do menino ou da menina com o arquétipo do Herói é que propicia uma entrada mais adequada na adolescência, sendo a força poderosa do simbolismo do ritual de iniciação, pois se o novo arquétipo for incorporado à psique do iniciado (adolescente), dão uma sensação de segurança e permitem a afirmação da nova identidade. O herói, geralmente é um cavaleiro corajoso, parte de sua terra natal e sai pelo mundo para viver incríveis aventuras. No caminho, se embrenha em uma floresta mágica, enfrenta o dragão, liberta a princesa, é encantado por uma feiticeira para finalmente voltar transformado a sua terra natal. Embora essa jornada seja quase sempre solitária, seu esforço é premiado com um tesouro ou a mão da donzela libertada. Na volta, o herói é recebido com festa, aclamado por sua bravura, o que lhe dá um sentimento de plenitude e comunhão – consigo mesmo, com as outras pessoas e com o mundo. A saga do herói é, em essência, a história de todos nós, principalmente, no enfrentamento das crises das fases de desenvolvimento, em especial, da adolescência, pois enfrentamos dragões diariamente para vencermos a jornada da vida. Grinberg (2003) afirma que o adolescente, tendo ou não passado pelos ritos de iniciação, cresce e seu corpo se transforma. E, quanto mais etapas ele houver saltado, mais difícil será sua adaptação e o estabelecimento de sua identidade no mundo adulto. Portanto, é o arquétipo do herói que nos dá força quando achamos que não vamos conseguir enfrentar uma situação nova. Por seu intermédio, é que nos sentimos seguros e confiantes para enfrentar novos desafios. Sem ele, torna-se difícil enfrentar o vestibular, participar de uma competição esportiva, conseguir um novo emprego ou estabelecer um namoro.

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MENTE E CORPO: UMA ESTRANHA RELAÇÃO.

Essa estranha relação entre Mente e Corpo é algo que me intriga muito. Primeiro que nenhuma relação entre cônjuges, pais e filhos ou até uma relação de forte amizade não demonstra tanta cumplicidade e harmonia como demonstra a relação entre Mente e Corpo. Também acho uma relação extremamente atual, mas ao mesmo tempo, vem sendo abordada desde a época de Platão. Enfim, que relação é essa?  A relação entre Mente e Corpo proporciona que todo sofrimento de ordem psíquica e emocional, que não tenha conseguido ser elaborado ou até mesmo liberado de alguma forma, possa ser expresso por meio do Corpo. Assim como a relação entre homens e mulheres que recebeu o nome de casamento, namoro, etc, a relação entre Mente e Corpo também ganhou um nome, ou seja, Psico-somática. Porém, como toda relação, ela também apresenta um pólo positivo e outro negativo. O negativo é que ela vem em forma de patologia, sintomas, isto é, doença. O pólo positivo é que ela se torna um instrumento de expressão do sofrimento, ou melhor, expressão dos sintomas, pelo qual podemos descobrir o Para quê…..? do aparecimento daquela patologia em minha vida. Talvez isso seja um pouco difícil de ser compreendido num primeiro momento, mas comece a prestar atenção em todo sintoma que você apresentar, por pior que ele seja.  O sintoma é a voz de um sofrimento interior, que ainda não está elaborado pelo seu campo psíquico e precisa ser expressado, e acaba encontrando como único caminho de expressão, o Corpo. Qualquer pessoa está sujeita a desenvolver uma doença Psicossomática. As mais comuns são a Psoríase (descamação da pele), o Vitiligo (perda do pigmento da pele), a Alopécia (perda espontânea de pêlos do corpo), o Câncer, a Úlcera, Herpes, Acne, Tricotilomania (mania de arrancar pêlos), Asma, entre outras. Depois do cérebro, a pele é o órgão com o maior número de terminações nervosas do corpo. Isso explica tantas doenças psicossomáticas através da pele, em função dela estar intimamente ligada ao sistema nervoso central e, conseqüentemente, às emoções. A melhor maneira de acabar com o problema é tratando, simultaneamente, o Corpo e a Mente. Por isso, além dos medicamentos tradicionais, recomenda-se terapia. Quando a pessoa ficar de bem consigo mesma, os sintomas tendem a regredir. Cerca de um terço das enfermidades que afligem a população são de origem exclusivamente emocional (psicossomáticas). Elas costumam aparecer em momentos de grande estresse, frustração ou ansiedade. Como, por exemplo, durante uma separação. Se a pessoa não enfrentar a situação de frente, toda a dor e mágoa ficarão guardados. Os sentimentos, sejam eles quais forem, não podem ser ignorados, pois se não dermos ouvidos à voz dos sentimentos eles procuraram outra forma de expressão e quem sofrerá com isso, será seu Corpo. Portanto, os sentimentos chamam atenção para si, por bem ou por mal, nem que, para isso, tenham de abalar todo o seu organismo. Contudo, temos que tomar cuidado com os diagnósticos de que todas as doenças são de origem Psicossomática. Para se certificar que uma doença tem origem psicológica, deve-se descartar todas as causas orgânicas primeiro. Por isso, recomenda-se uma série de exames antes de fechar o diagnóstico. É importante esclarecer que, apesar de a enfermidade ser emocional, o paciente precisará de tratamento médico. Os sintomas apresentados não são fantasias e, portanto, exige cuidados especiais, com um médico especialista e, paralelo, o tratamento psicológico. Enfim, a partir de hoje, vamos dar mais ouvidos aos nossos sentimentos para que nosso Corpo não precise pagar “o pato”.

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Estresse: a doença contemporânea

Estar estressado é “estar sob pressão” ou “estar sob a ação de estímulo persistente”, não significa apenas estar em contato com algum estímulo estressor, mas sim, um conjunto de alterações acontecidas num organismo em respostas a um determinado estímulo capaz de colocá-lo sob tensão e, sem esse tal “conjunto de alterações” não se pode falar num quadro de Estresse. Esse conjunto de alterações quer dizer: dor de cabeça, dentes rangendo, fadiga, dor no peito, indigestão, constipação ou diarréia, transpiração exagerada, insônia, garganta seca, dores musculares, falta de ar, taquicardia, pressão alta, mãos frias. A função de toda essa revolução orgânica é preparar o organismo para a ação e para adaptação imediata à situação causadora do Estresse. Portanto, o Estresse não implica, obrigatoriamente, numa alteração patológica e doentia. Esse conjunto de alterações fisiológicas tem como principal objetivo adaptar o indivíduo à situação proporcionada pelo estímulo estressor e à circunstância atual, ele contribui para a sobrevivência das espécies, incluindo a nossa. Imagine como estaria seriamente comprometida a sobrevivência de um gato, caso permanecesse totalmente apático ao aparecer-lhe um cachorro pela frente. Da mesma forma, imaginemos um ser humano enfrentando uma tempestade com a mesma lentidão que experimenta depois de uma pesada refeição. No esporte, no trabalho ou na vida social o Estresse “normal” deve desempenhar uma função adaptativa e, sobretudo, sadia. Contudo, o Estresse Positivo gera aumento da vitalidade, manutenção do entusiasmo, do otimismo, da disposição física, do interesse, isto é, ele adapta e impulsiona o ser humano a enfrentar as vicissitudes da vida.

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ECA: o que isso tem a ver com você?

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, ou seja, a Lei 8069 de 13 de julho de 1990 tem como objetivo assegurar os direitos de todas crianças e adolescentes do Brasil, tornando-as sujeitos de direitos. Este ano esta Lei Federal completa sua maioridade, isto é, seus 18 anos, mas sabemos que ainda há muito que ser feito pra realmente se concretizar a prática desta Lei. Porém, muitas críticas são destinadas ao ECA como, por exemplo, alguns pais que acreditam ter perdido a autoridade sobre os filhos em função da proteção legal ou até que perderam a autonomia de educá-los, também existe a queixa de que o ECA só garante os direitos e não os deveres, enfim, são várias as críticas e queixas em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Entretanto, acredito que essas críticas partem de desconhecedores da Lei, pois em relação à prática da Lei, é claro, ainda há muito que ser feito pra fazer valer os direitos garantidos no ECA por todo o Brasil. Mas também penso que quando se faz uma Lei é pra dizer como as coisas devem ser e, não, como elas estão sendo. Afinal de contas, se todos esses direitos já tivessem sendo respeitados em nosso país, não precisaria colocá-lo no papel, em forma de Lei. Sendo assim, se é necessário colocar no papel que criança e adolescente, como qualquer ser humano, não pode sofrer maus-tratos, tortura, tem que estudar, tem que conviver em ambiente adequado, tem que brincar, pode ir e vir, tem que ser respeitado, entre outros direitos, cetamente, isso não estava ocorrendo, sendo necessário, então, legalizar esses direitos, inclusive, as punições para quando não forem cumpridas. Acredito que os leitores já perceberam que sou uma defensora desta Lei. E, realmente sou, mesmo tendo a certeza que o ECA ainda não é 100% cumprido em nosso país, mas meu otimismo me permite acreditar que um dia ele será. Defendo esta Lei por vários motivos que quero partilhar com vocês leitores. Primeiro, que o ECA é uma Lei para todos e, não apenas para o excluído ou para o menos favorecido. Em segundo lugar, o ECA vê a criança e o adolescente como um ser humano em desenvolvimento e preocupa-se com seu desenvolvimento físico, psíquico, social e o espiritual, garantindo até o direito da criança e do adolescente ter uma religião, seja ela qual for. E, como psicóloga, fico satisfeita em ver o ser humano se desenvolvendo saudavelmente, mesmo enfrentando as crises naturais referentes a cada fase de desenvolvimento. Realmente, o ECA estabelece todos os direitos das crianças e dos adolescentes e não existe nenhum artigo específico contando seus deveres, mas nem precisaria, pois cada direito corresponde a um dever. Se a criança tem o direito à educação, ou seja, à uma vaga na escola, certamente, ela também terá o dever de ir à escola e, caso isso não ocorra, existem as medidas a serem tomadas para esta situação. Toda criança tem o direito de conviver em lugar limpo, sendo assim, ela também tem o dever de deixar limpo o local em que ela está, pois se uma outra criança for frequentar este local, ela também tem esse mesmo direito. Portanto, acredito que para o ECA realmente ser cumprido no Brasil é uma questão de EDUCAÇÃO e CONSCIENTIZAÇÃO. Educação desde a pré-escola para que a criança possa aprender todos seus direitos e, inclusive, seus deveres para que ela possa crescer tendo os deveres como hábitos em sua vida. Conscientização de toda população que a Infância e Juventude é uma responsabilidade de todos, pois no próprio ECA existe um artigo que diz ser dever de TODOS zelar pelos direitos das crianças e adolescentes, ou seja, do ESTADO, do PODER PÚBLICO, da FAMÍLIA e da COMUNIDADE. Sendo assim, é um dever SEU fazer valer o Estatuto da Criança e do Adolescente em sua casa, em seu bairro, em sua cidade e em seu PAÍS.

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DISLEXIA: O QUE É ISSO?

Dislexia é um distúrbio de aprendizagem, mais especificamente na área da comunicação e escrita. O disléxico apresenta dificuldade em decodificar palavras simples, também tem insuficiência no processo fonológico. Porém, essas dificuldades na decodificação de palavras simples não devem ser comuns à idade, pois se for típico da fase de desenvolvimento não se pode caracterizar dislexia. O disléxico também tem adequada inteligência (se apresentar rebaixamento intelectual, também não se deve diagnosticar dislexia), pode ter oportunidade sócio-cultural, sem distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, mas a criança falha no processo de aquisição da linguagem, frequentemente incluídos problemas de leitura, aquisição e capacidade de escrever e soletrar. A dislexia é genética e hereditária; começa a tornar-se evidente na fase da alfabetização; tem incidência maior em meninos e os distúrbios de aprendizagem afetam de 10 a 15 % da população mundial. Alguns sinais de dislexia na pré-escola são: histórico familiar; fraco desenvolvimento da atenção; imaturidade no trato com outras crianças; dificuldade de aprender rimas e canções; atraso no desenvolvimento da fala, linguagem e visual; fraco desenvolvimento da coordenação motora; dificuldade com quebra-cabeças; falta de interesse por livros e impressos. Já na fase adulta são os seguintes sinais: histórico familiar; continua a ter dificuldade na leitura e escrita; dificuldade para soletrar; memória imediata prejudicada; dificuldade em dar nomes a objetos e pessoas; dificuldade em aprender uma segunda língua; dificuldade em organização geral e comprometimento emocional. Algumas características na leitura e escrita dos disléxicos são: confusão e inversão entre letras e sílabas; substituição ou criação de palavras por outras de estrutura mais ou menos similiar, mas com diferente significado; adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras; repetições de sílabas, palavras ou frases; pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler; soletração defeituosa; problemas de compreensão; leitura e escrita em espelho em casos excepcionais; ilegibilidade; atraso na fala; memória fraca para dígitos e sentenças; percepção fonêmica e de ordenação de sons pobres; dificuldade com ditado e outro idioma. Algumas pessoas brilhantes que são disléxicas: Walt Disney, Tom Cruise, Einstein, Rodin, Michaelangelo, Cher e outros. Portanto, neste momento que o assunto dislexia está em novela e bem abordado devemos tomar cuidado para não sair diagnosticando a todos que estão enfrentando dificuldades escolares. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe de profissionais, entre eles, Psicóloga, Fonoaudióloga, Neurologista, entre outros. Mas antes, devem-se esgotar várias possibilidades como: rebaixamento cognitivo, dificuldade visual, dificuldade fonoaudiológica e audição, para depois partir para esta hipótese diagnóstica para não corrermos o risco de tudo se tornar dislexia e trabalhar com intervenções errôneas. Contudo, quando realmente se tratar de dislexia, vale lembrar que o disléxico aprenderá como qualquer outra criança, mas com didáticas e metodologias diferenciadas e todos devem se preparar para isso: família, aluno e professores.

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Desvendando a Deficiência

Infelizmente, ainda podemos perceber muitas dúvidas, pré-conceitos e uso de termos pejorativos em torno da questão da deficiência, isto é, das pessoas deficientes. É claro, que não podemos negar que nos dias de hoje vemos muito mais pessoas deficientes nas ruas, no mercado de trabalho ou incluso no contexto escolar. Kaplan define excepcional como “aquele que difere dos padrões da normalidade, em grau arbitrário, em uma ou mais variáveis, de modo a necessitar de recursos especiais para o desenvolvimento de suas potencialidades”. Porém, quando leio e reflito sobre esta definição acabo me questionando: O que é ser Normal? Quais são esses Padrões de Normalidade? Qual ou Quem é um Modelo de Normalidade? Nunca consegui encontrar esta resposta. Buscando mais definições e diferenciações de termos encontro o seguinte: Excepcional é aquele que no transcorrer do desenvolvimento, teve ou tem alterações físicas, sensoriais, mentais e/ou psicossociais. Deficiente é aquele que no transcorrer do desenvolvimento, apresenta limitações físicas, sensoriais, mentais e/ou psicossosiais que impedem especificamente uma ação. Incapacitado é aquele que apresenta restrições no desempenho de uma ou mais atividades consideradas normais de acordo com a idade, sexo, fatores sociais e culturais para aquela pessoa, impedindo sua participação produtiva e independente na comunidade. Sendo assim, de acordo com essas definições continuo meus questionamentos: Todo excepcional, é um deficiente? Pois, o indivíduo pode ser excepcional por ter alterações físicas, como não ter um braço, mas isso pode não ter lhe limitado de tocar um piano, por exemplo, portanto, ele não é um deficiente, pois não apresentou limitações físicas e, sim, alterações físicas, constatando uma excepcionalidade e, não uma deficiência. Enquanto que muitas pessoas intituladas “normais” não conseguem tocar esse instrumento. Então, surge um outro questionamento: Todo deficiente é um incapacitado? Ou, todo incapacitado é um deficiente? E até, todo deficiente é necessariamente um excepcional? Por meio desses questionamentos que deixo para reflexão concluo que jamais devemos reduzir o homem a um aspecto, isto é, reduzi-lo a uma deficiência, pois junto desta existem potencialidades a serem desenvolvidas, garantindo a singularidade do ser humano. A questão da deficiência é uma questão de grau, somos todos deficientes ou incapacitados em determinados aspectos. Necessitamos dirigir mais nosso olhar para as potencialidades do próximo, pois isso também facilitará nossa convivência.

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA

A Dependência Química é um problema que, infelizmente, muitas famílias vêm enfrentando nos últimos tempos. Num primeiro momento, a família não percebe ou utiliza-se de um mecanismo de defesa e nega que esteja existindo esse problema em sua casa, sendo assim, a tendência é que ele se agrave, pois não está havendo intervenção e, sim, negação do fato. O primeiro passo é a família tomar conhecimento da situação, procurar ajuda especializa e saber mais sobre o assunto.  A Organização Mundial de Saúde tem um Código Internacional de Doenças para classificá-las. Dentro desta classificação, designou o código CID-10 e preconiza que a dependência química é uma doença incurável e progressiva, apesar de poder ser estacionada pela abstinência por meio de tratamentos especializados como psicoterapia, intervenção médica e internação, se for o caso. Na CID.10 a Dependência é definida como um… “Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa (fumo, álcool, medicamento, etc), tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e, por vezes, a um estado de abstinência física”. A OMS traça também diretrizes para o diagnóstico que deve somente ser feito, casos três ou mais dos seguintes critérios descritos, resumidamente, tenham sido preenchidos por algum tempo durante o último ano. 1 – forte desejo ou compulsão para usar a substância, 2 – dificuldade em controlar o consumo da substância, em termos de início, término e quantidade, 3 – presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar o aparecimento da mesma, 4 – presença de tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade para obter o mesmo efeito anterior, 5 – abandono progressivo de outros interesses ou prazeres em prol do uso da substância, 6 – persistência no uso, apesar das diversas conseqüências danosas. Porém, toda família a qual exista um membro portador da dependência química, certamente, também desenvolverá uma doença chamada co-dependência.

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Culpa: um mal que machuca a alma

Culpa é à responsabilidade dada a alguém por um ato que provocou algum prejuízo, seja ele, material, moral ou espiritual contra si mesmo ou contra outra pessoa. O processo de atribuição da culpa se dá de duas formas ou o sujeito avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável pelas falhas e erros ou um grupo aplica a um indivíduo a culpa após avaliar seus atos que resultou em prejuízo a outros. A culpa vista pelo foco do direito é caracterizada como violação de uma regra que produz danos aos direitos de outras pessoas por negligência, imprudência ou imperícia. Já no sentido religioso, a culpa é caracterizada quando um ato da pessoa recebe uma avaliação negativa por consistir na transgressão de um tabu ou de uma norma religiosa. Sendo assim, a sanção religiosa é um ato social e pode corresponder a repreensão e penas. No sentido religioso, o termo pecado está geralmente ligado à culpa. Para a psicologia, a culpa é vista como um sentimento e que pode ser ´trabalhado` terapeuticamente quando chega a ser considerado um obstáculo por aquele que o sente, pois quando não ´trabalhado` pode ser resultado de um inadequado crescimento pessoal, limitação no processo de auto-realização, mas não é considerado uma psicopatologia, porém, pode vir a desencadear doenças psicossomáticas. O sentimento de culpa pode aparacer de forma consciente levando o indivíduo ao sofrimento psíquico ou percebido, como em grande parte aparece, de forma inconsciente, o qual é sentido como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação para a qual as pessoas buscam outras motivações, em ambas as formas pode desencadear sintomas depressivos. Contudo, para aliviarmos o peso e a carga negativa que até a palavra culpa carrega, primeiro devemos assumir a responsabilidade de nossas falhas, nossos erros, nossas escolhas e, assim, também assumir as consequências que virão e, depois disso, refletir sobre o para que isso ocorreu em minha vida? Pois, quando pensamos no para que estamos sendo proativos e quando ficamos nos lamentando, carregando a culpa e refletindo no por que fiz isso…?, fico preso no passado e não evoluo, não cresço e não tiro aprendizado das situações. Portanto, assumir as responsabilidades de minhas escolhas, as consequências e aprender com as mesmas é um dos caminhos para o crescimento pessoal.

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CRISES CONTEMPORÂNEAS: um olhar filosófico

Fiorine (1983) conceitua CRISE como um estado de alto nível de ansiedade, dificuldade de pensar, objetivar e discriminar problemas, alteração na auto-estima somada ainda, com carência de projetos para o futuro. O impacto da era moderna e pós-moderna sobre a existência do homem, ou seja, as constantes mudanças, transformações, evoluções tecnológicas, por exemplo, faz com que o homem realize adaptações forçadas constantemente e isso faz com que o indivíduo se distancie dele mesmo e acaba deixando nas mãos do outro a atribuição do sentido de sua vida. O mundo moderno está gerando um permanente estado de CRISE nas pessoas, pois os antigos referenciais estão se perdendo e sendo substituídos pela supremacia do materialismo e pela exclusiva organização econômica-política (CAMPBELL, 1997). Entretanto, a forma de reagir frente às ameaças apresentadas no ambiente é condicionada pelo modo com que o organismo aprendeu a enfrentá-las em suas experiências passadas e presentes (MAY, 1980). Ou seja, Os eventos podem ser classificados como estressores ou não de acordo com cada pessoa, isto é, com a maneira que cada um enfrenta a situação. Ao conjunto de sintomas conseqüentes do mundo moderno denominamos de fatores de risco e quando presentes na vida do indivíduo podem desencadear problemas sociais, físicos, mentais e emocionais. É comum encontrarmos pessoas que, muitas vezes, não conseguiram expressar verbalmente ou criativamente seu sofrimento, dando origem aos sintomas físicos (psicossomáticos), que passam a ser simbolizados na condição de Crise. Porém, a CRISE não é apenas maléfica, ela pode ser também simbólica, pois podemos nos aproveitar dela para tentarmos uma nova ordem social e pessoal. Na Crise há a presença de uma potência de significado positivo, que até pode nos levar a transformação e evolução. Portanto, a Crise sentida no mundo contemporâneo advém da perda das antigas fontes de valores de vida. A contemporaneidade exige uma adaptação rápida e mecânica às mudanças tecnológicas externas, desvalorizando qualquer forma de contato com o criativo e o espontâneo, necessários ao processo de evolução. Contudo, temos sim, que estarmos inseridos e adaptados a estas constantes evoluções e transformações do mundo moderno, mas nunca podemos perder nossa identidade no meio de tudo isso e precisamos reservar um tempo para olharmos para nós mesmos.

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CRIANÇA PRECISA BRINCAR

É comum, nos dias de hoje, vermos pais se preocupando precocemente com o futuro profissional de seus filhos, por isso, iniciam as crianças em atividades educativas muito cedo. Sendo assim, as crianças desde muito pequenas já têm suas agendas lotadas com aula de inglês, espanhol, música, aula particular, entre outras diversas atividades, sempre com o intuito de prepará-los para o futuro mercado competitivo. As próprias escolas também se encontram muito mais exigentes desde a pré-escola, sempre com a preocupação de preparar o aluno para o vestibular, etc. Acredito que todas essas preocupações sejam necessárias, pois precisamos sempre investir em educação, principalmente, a das crianças, que são a esperança do futuro, mas temos que ser cautelosos com os exageros. Pois, enquanto as crianças estão atarefadíssimas com as atividades educativas, não estão brincando e o brincar não tem apenas a conotação recreativa. É através do brincar que a criança constrói, organiza, compreende e vivencia seu mundo, seus sentimentos, sua realidade interna e externa. É também por meio do brincar que a criança desenvolve limites, externaliza suas emoções e possibilita que identifiquemos possíveis patologias para que possa haver intervenções preventivas. Por isso, que a ideal modalidade interventiva com criança é a ludoterapia, pois ela ainda não tem o desenvolvimento adequado para verbalizar o que quer, o que sente e pensa, portanto, ela se utiliza do lúdico para se organizar em meio a tudo isso e também melhor aprender. Contudo, devemos nos preocupar com o futuro profissional das crianças, mas não podemos nos esquecer que a educação pode desenvolver as habilidades cognitivas e o lúdico desenvolve as habilidades relacionais e emocionais e, essas crianças precisarão futuramente do desenvolvimento de todas essas habilidades para, realmente, serem bem sucedidas.

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Co-dependência nunca mais

Co-dependência é um transtorno emocional relacionado aos familiares de dependentes químicos, sendo eles usuários tanto de álcool, quanto de droga ou até de ambos. Normalmente, são cônjuges, pais, filhos ou parentes próximos que convivem diariamente com o dependente químico e passam a viver em função da pessoa portadora da dependência química, fazendo desta pessoa a razão de seu existir, pois acaba sentindo-se útil e com objetivos diante dos problemas do dependente. Os co-dependentes, na maioria das vezes, têm baixa auto-estima, intensos sentimento s de culpa e não conseguem se desvencilhar da pessoa dependente, vivem tentando ajudá-lo (a) e acaba esquecendo, na maior parte do tempo, de cuidar de sua própria vida, se auto-anulando em função do outro, em especial, dos sintomas da patologia do outro. A co-dependência também pode desencadear ou agravar uma depressão, tentativa de suicídio, doenças psicossomáticas e outros transtornos. Essa patologia, própria das famílias dos dependentes químicos, quando não trabalhada, também pode atrapalhar o próprio processo de tratamento do dependente químico, pois este se torna uma espécie de “bode-espiatória”, “ovelha-negra” na família, ofuscando outros problemas existentes. Sendo assim, quando o dependente químico inicia um tratamento e deixa de ser o foco na família, pode tirar todo o sentido da existência dos co-dependentes e permite que evidencie outros problemas que já existiam no contexto familiar e era ofuscado pelo excesso de cuidados em relação ao dependente químico. Porém, quando a família não está pronta para enfrentar essa situação, sem ter consciência, ela passa a ter comportamentos que, de certa forma, contribuem para a continuidade do uso da bebida alcoólica ou droga por parte do dependente químico. Por isso, a família tem um papel essencial no processo de recuperação da dependência química.

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Ciúme: um tempero para relação ou uma patologia?

Algumas dúvidas em relação ao ciúme são comuns nos relacionamentos, como por exemplo: O ciúme seria mesmo um tempero para a relação…..? O ciúme excessivo pode desencadear uma patologia? Qual a diferença entre ciúme, desconfiança, insegurança e obsessão? Como cuidar disso? O que é ciúme normal e o que é patológico? Enfim, o ciúme é uma emoção humana comum e universal, por isso, é mais difícil diferenciar o ciúme normal do patológico. Porém, enquanto o Ciúme Normal é passageiro e desencadeado por fatos reais, o Ciúme Patológico seria uma preocupação infundada, exagerada e absurda. No ciúme não-patológico o maior desejo é preservar o relacionamento, no Ciúme Patológico haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival (Kast, 1991).  Ballone (2004) define o ciúme como um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas, tendo em comum três elementos: ter uma reação frente a uma ameaça percebida; haver um rival real ou imaginário e a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado. No Ciúme Patológico várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, a depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança. O ciumento, provavelmente, tenha uma auto-estima rebaixada e, conseqüentemente, experimenta a sensação de insegurança, desencadeando, então, o ciúme e suas reações físicas e emocionais. Ballone (2004) acredita que o portador do Ciúme Patológico é um vulcão emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor, para ele um sentimento depreciativo e doentio. Essa pessoa com Ciúme Patológico seria extremamente sensível, vulnerável e muito desconfiado, portador de auto-estima muito rebaixada, tendo como defesa um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo. Ainda citando Ballone (2004) “o que aparece no Ciúme Patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro (a). Há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes. O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, pois envolve riscos e sofrimentos para ambos no relacionamento. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente associada a rituais de verificação”. Portanto, é necessário realizar uma avaliação sobre qual tipo de ciúme vem ocorrendo em seu relacionamento, pois caso seja o patológico, é preciso procurar ajuda como medida preventiva de maiores sofrimentos.

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Bullying: um mal da infância e adolescência

 O termo Bullying que ainda não existe na língua portuguesa, significa algumas formas de agressões através de apelidos, ofenças, chacotas, discriminação, exclusão, isolamento, vários tipos de intimidações, perseguições, assédios, etc e acabam causando angústia ou humilhação na vítima. O Bullying vem acontecendo, principalmente, na infância e adolescência e o local mais comum é o contexto escolar, mas pode ocorrer em outros contextos. Sendo assim, também pode existir na relação entre pais e filhos ou entre professor e aluno como, por exemplo, aqueles adultos que ironizam, ofendem, expõe as dificuldades perante o grupo, excluem, fazem chantagens, colocam apelidos preconceituosos e têm a intenção de mostrar sua superioridade e poder. O Bullying pode ser manifestado de quatro formas: verbal, físico, psicológico e sexual. A forma mais freqüente são os apelidos com maldade e com propósitos de humilhação e pode ser seguido do roubo, indução ao uso de drogas e ataques violentos. As conseqüências do Bullying pode ser a fobia escolar, o abandono dos estudos, o medo, pânico, distúrbio psicossomático, baixa auto-estima, em casos mais graves o desenvolvimento de um quadro depressivo e, quando a vítima não suporta a pressão psicológica do Bullying pode chegar a tentar ou cometer o suicídio. Contudo, é preciso tomar cuidado ao diagnosticar uma situação de Bullying, pois percebemos que existem trocas de apelidos ou outras atitudes entre as crianças ou adolescentes que não geram sérias conseqüências e também não causam angústia ou humilhação aos envolvidos, pois são apresentadas como uma forma de brincadeira.

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